quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Mais um setembro

Entre as várias coisas que já pensei, como forma ou procedimento, pra me expressar através da palavra escrita, tenho um carinho especial pelo conjunto dos meses do ano.
Chego a pensar que todas as pessoas, em algum momento de suas vidas, lembram algo acontecido, em um determinado mes, que marcou e mudou tudo no seu modo de ver e entender as coisas.
O Mês de setembro já era um marco em minha vida. Nesse mês, nasceu meu irmão(do meio)que acompanhou toda minha infância, foi meu herói, me iniciou nas leituras das revistas em quadrinhos, parceiro de muitas partidas no gramado do Campo do Vila Americana... me levou, escondido dos pais, ao primeiro baile Black, no clube Guarany, em queimados, que não sei se ainda existe.
Esse mesmo irmão, mais tarde, Já na minha adolescência, passou a exigir de mim a mesma atenção que me dera no passado. É quando passo a me dedicar a ele, tal fez comigo...no entanto, não fui tão eficiente. Aprendi, através dele, como o alcoolismo aliado a falta de acesso e opções, tornam-se ingredientes poderosos para destruir um homem, em alguns anos.
Meu irmão, herói-negro-setembrino, virginiano, nascido no dia 7 de setembro, que me carregou pra casa, no colo, quando aos quatro anos me embriaguei com uns goles de vinho, numa tarde de Natal...por essa experiência, procurei nunca mais me embriagar.
Esse mesmo irmão, de tantas aventuras inesquecíveis, me aprontou a última, quando decidiu morrer e abandonar seu posto insubstituível na minha escala de valores ancestrais.
Não bastasse tudo isso, pra encher os setembros todos pra sempre, no dia 4, de um outro setembro, nasce minha primeira e única filha pra arrebatar minha alma prás alturas inimagináveis...Assim, jamais passarei um setembro se quer, sem essa dupla lembrança: Meu irmão, meu herói e minha filha, minha Deusa e herdeira dos meus caminhos poéticos e rascunhos literários... salve, salve! Mais um setembro e suas folhas secas dançando, loucamente pelas ruas da cidade. Ah! Mais um setembro.

domingo, 21 de agosto de 2011

Desnecessidades

Ao longo desses meus decanatos, já se vão quatro...tenho vivido experiências muito interessantes. Tenho passado por situações difíceis, mas tenho tirado o melhor proveito de tudo que acontece comigo, direta ou indiretamente. Os acontecimentos estão, quase sempre ligados às pessoas com quem nos relacionamos. Quase sempre porque, às vezes, o acontecimento não depende de ninguém, além de nós mesmos. É bom saber disso, fortalece nosso senso de autonomia, ao mesmo tempo, precisamos aprender a equilibrar, pra não nos tornarmos adoradores exagerados do próprio umbigo e cairmos na cegueira, que nos impede de enxergar os acontecimentos gerados pelos coletivos, pelas comunidades, por exemplo.
Atualmente, falar de comunidade, a informação que vem à cabeça, é a ideia de comunidade virtual. Considero isso também, no entanto, estou me referindo às comunidades de pessoas que vivem em um determinado lugar e desenvolvem uma determinada "cultura comunitária" e, por força dessa cultura, produzem acontecimentos de vários sentidos e formatos.
Indivíduos ao se juntarem, formam comunidades e comunidades formam outros indivíduos, isso está dado. Mas, esse ciclo é responsável por uma avalanche de fatos cotidianos, que nem sempre são captados nos mínimos detalhes. Muita coisa fica submersa na amálgama dos anos, muitos acontecimentos são transferidos para planos menos importantes, em função de outros, por escolha ou por necessidade de cada indivíduo ou cada comunidade.
De vez em quando, reencontro alguém, que ainda está, de certa forma ligado à primeira fase da minha trajetória de ativista no movimento social, ou seja, alguém que me viu e teve a oportunidade de conviver comigo, quando eu era só um iniciante nesses assuntos, quando estava me debatendo pra entender o que era "movimento comunitário", "Cultura Comunitária", "Arte Comunitária", "Política Comunitária", enfim, esse universo infinito das possibilidades estratégicas que um ou mais grupos sociais se permitem quando se organizam em torno de suas afinidades, necessidades e objetivos.
Hoje, tenho profundo respeito por esses dois aspectos da vida humana: a solidão e a sociabilidade.