sexta-feira, 13 de junho de 2014

Um pré-texto

Agora, não tenho nada pra pôr na página. No entanto, só pelo simples fato de pensar que não tenho, já é um estímulo para tê-lo. Assim, a caneta sai dançando sua dança contemporânea, um misto de jazz com jongo. Enquanto isso, penso se ligo o computador ou se deixo esse rascunho curtir um pouco mais a sua condição de pré-texto. Logo, percebo que meu compromisso com a escrita devora, facilmente, algumas horas de sono e, o trabalho de transformar uma página em branco em outra coisa, é sempre um desafio irresistível. Ao chegar nesse ponto do texto, algum resultado começa a ficar explícito, como por exemplo: aquela página, antes branca, jamais será a mesma depois dessa madrugada. Ela terá seu lugar na estante de alguma biblioteca, agora, ela é uma estrela. Ela acaba de se converter em um rascunho pré-textual, um tipo de apelo pra alguém que precisa escrever, tanto quanto respirar ou beber água. Essa página é, sobretudo, a síntese de um acontecimento que podia dar em nada, contudo, após algumas canetadas, se transformou em mais uma crônica poética da madrugada.