domingo, 8 de abril de 2012

Abril, abricó abra e coma

Essa coisa do calendário, assim como qualquer dispositivo antigo, tem suas curiosidades. Desde criança que observo com extrema atenção a estrutura espaço-temporal de cada mês.
Nesse instante, enquanto escrevo, me lembro algumas implosões neuronais, no interior da minha caixa craniana, quando percebia qualquer insignificante diferença entre um mês e outro...foram muitas implosões.
No entanto, a mais marcante foi quando entendi, que os meses são iguais, com possibilidades de comportarem eventos diversificados dentro de suas estruturas programadas.
Depois dessa grande implosão, que me pareceu o meu "Big Bang" particular, todas as outras foram sugadas por um túnel no meu imaginário, como se fosse um "buraco negro" voraz de referenciais físicos e meta-físicos, provocadores de forças contrárias, que demarcam a presença de eventos diferentes no gráfico comportamental de uma estrutura em estado de repouso e com isso causa movimentos.
Ainda na minha infância, pra minha felicidade,vivida quase, integralmente, em áreas rurais ou semi-rurais, tive o privilégio de conhecer muitas frutas. Cada fruta nova que meu organismo assimilava, significava uma implosão ou uma sequência de implosões.
Dias atrás, passeando no aterro, hábito que cultivo com profunda satisfação, retomei uma sensação saborosíssima.
Enquanto pedalava, na beira da praia do Flamengo, observei que os pés de Abricó estavam todos carregados de amarelinhos, polpudos e cheirosos...ao mesmo tempo, lembrei quando fui apresentado a um fruto chamado abricó, pela primeira vez, lá na Vila Americana, Queimados, baixada fluminense, onde nasci e vivi parte da minha infância.
Além dessa gostosa lembrança, pensei na quantidade de moradores de rua que poderia desfrutar a doçura da polpa do abricó e ainda na possibilidade de parentesco entre essa fruta e o mês que estava começando, já que os dois acontecem dentro da mesma estrutura espaço-temporal, que aprendemos a chamar de Abril.
Agora tenho certeza que essa implosão não será consumida pela fúria voraz de nenhum dublê de "buraco negro". Esse é aquele tipo de acontecimento pra ser lembrado e contado por muitas gerações.
Um dia abriram um abricó na minha frente e eu caí dentro. Não me lembro o mês, nem o ano...só sei que foi um acontecimento intra craniano inesquecível.

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