sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Desnecessidades finais

Bem, uma coisa é certa! Seja lá o que venha a acontecer comigo e com esses rascunhos, adoro essa palavra... pela primeira vez em toda a minha vida, até aqui é claro, estou me sentindo um escritor de verdade. Ainda que eu não seja, um escritor nos moldes daqueles que nos inspiramos, não importa! O que interessa aqui é o resultado da ação de operar alguns códigos imaginários, dispersos no enigmático espaço da memória afetiva, responsável pelos inesperados avanços psico-sociológicos, de indivíduos e grupos que compõem a gigantesca "cadeia interacional" formulada a partir da intersecção de centenas de milhares de fios, traços, pontos e outros códigos disponíveis para as nossas articulações mentais e paramentais. Deve ser por esse tipo de hábito que gosto tanto da palavra rascunho. Ela garante a potência artística da ação, em si. Cada vez mais, me conscientizo do poder desse resíduo literário, que chamamos de "rascunhos".

sábado, 24 de dezembro de 2011

À CNC

Constantes movimentações, por caminhos diversos, nos levam, logicamente, a lugares diversos. Às vezes, "dá ruim"...aí, por mais que tenhamos aquela certeza do onde queremos chegar, após darmos voltas e voltas, em torno de nós mesmos, acabamos no mesmo lugar.
Quando vi minha mãe, pela primeira vez, em uma roda de Jongo, não podia imaginar que ao longo da minha trajetória de vida e carreira artística, iria mexer, falar e escrever tanto sobre esse assunto.
Estou descobrindo ou constatando que o Jongo, solto como uma "manifestação musical-coreográfica", "assim falou Zaratustra", quero dizer, assim gostava de falar o nosso querido Mestre Darcy, pode se esgotar, se extinguir, apesar dos muitos resultados gerados por ele, incluindo o nosso "Jongo Contemporâneo" e o já tão consagrado e reverenciado, no mundo todo, o Samba.
Pude constatar também, que a cultura jongueira é muito mais poderosa que parece ser, afinal de contas, a cultura é o espectro energético de um povo e o povo jongueiro está mais que nunca, energizado pra defender seus territórios quilombolas e a cidadania de seus habitantes.
Agora, estou na segunda década de relação direta, objetiva e subjetiva, com a cultura Jongueira, como músico, pesquisador e autor de outros formatos, a partir do eixo tradicional.
Tenho me dedicado, quase integralmente, a essa linha de pesquisa ou seja, meu diálogo com o Jongo e seus contextos distribuídos pelo amplo território afro-sudestino, exige de mim mais que posso..." como diz a canção de Djavan/Caetano Veloso: "se eu tivesse mais alma pra dar, eu daria..."(linha do equador)
Ter desafiado o mercado com um novo produto conceitual, que baptizei de Jongo Contemporâneo, me deu satisfação profissional e pessoal sem parâmetros. Minha meta inicial, era construir um repertório, um acervo de novos pontos e canções contemporâneas baseadas em jongo, não para resgatá-lo ou representá-lo, como fazem outros segmentos...mas, pra dar continuidade ao processo de vitalização dessa presença em nossa sociedade e fortalecer a minha pertença, enquanto homem negro, oriundo dessa cultura.
Outra satisfação notória é saber e ver com meus olhos, os resultados das nossas primeiras mobilizações em prol da ampliação do Jongo para os "espaços urbanos"... Lembro agora, do primeiro dia de oficina do Mestre Darcy, no quintal da Casa de Construção da Cidadania, nossa CCC em Santa Teresa, muito antes do trágico acidente com nosso véio bom Bonde. Aqueles meninos e meninas, que arriscavam seus primeiros passos e toques sob o olhar e a bengala exigente do Mestre, hoje, são homens e mulheres, alguns casados com filhos, outros solteiros, namoradores, todos apaixonados por música, todos Jongueiros Contemporâneos.
"Mais um ano se passou..." (trecho de uma das canções mais cantadas de outro grande mestre da soul music Brasuca,Dom Cassiano)muita coisa aconteceu, muitas coisas deixaram de acontecer e nossa Comunidade Negra Contemporânea segue seu curso rumo aos muitos outros tempos e desafios que ainda virão.
Salve a CNC - Comunidade Negra Contemporânea!

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Caminho

Essa palavra é muito intensa. Não sei se acontece só comigo...mas, invariavelmente, quando me deparo com ela, a palavra ou o acontecimento, fico um pouco chapado.
A imagem de um caminho, sempre me remete a tempos passados, lugares que vivi ou a meta-lugares, que não estão no futuro, nem no passado...no entanto, podem estar aqui, não no presente concreto, objetivo...podem se encontrar em um tempo imaginário, metafísico que acontece, na paralela da cadeia temporal que nos comprime e nos define como seres-objetos manipulados pelo CRONOS.
Como pode uma palavra tão frágil, escrita no diminutivo e pronunciada, na maioria das vezes, com entonação suave, causar tamanho estrago na memória afetiva de alguém?
Apesar de ficar chapado, gosto muito dessa palavra.
Na verdade, por ter vivido parte da minha infância, no interior do Estado, em áreas rurais e semi-urbanas, a palavra "caminho", me lembra uma fase da minha vida, que eu não sabia o que era uma caminhada, logo, não sabia também, o que era um caminho, um atalho, um recurso pra diminuir o esforço de caminhar.
Numa cama, deitamos o corpo, pra descansar e projetar os movimentos subjetivos...numa estrada, nos colocamos de pé, para conduzir os movimentos objetivos...se queremos driblar nosso dominador, o "Cronos", inventamos um atalho, que sempre tem um formato mais singelo, mais estreito e, às vezes, tem até mais obstáculos, que vão exigir mais de nossa inteligência, contudo, estaremos prontos pra superar e curtir tal superação, já que esse caminho é fruto da nossa própria invenção. Já dizia D. Ivone Lara: " se o caminho é meu, deixa eu caminhar, deixa eu..."
E quando alguém diz: Ah! Fulano seguiu por outro caminho... todo mundo tem um caminho,cada um, que encontre o seu. A família, a comunidade, os amigos, podem até ajudar, só não podem atrapalhar. O prazer maior de um caminhador é saborear o gosto daquilo que ele inventou. Então, deixa o homem gastar a sola, ele precisa caminhar, pois, quem tem um caminho, sabe que vai chegar, por isso, não se importa em demorar.
Essa palavra " caminho" é, extremamente, poética e filosófica. É como se você olhasse pra algum lugar no horizonte e determinasse, só com o seu poder de percepção: esse é meu caminho! É por aqui que eu vou! E Pronto! Como deita-se o corpo na cama, deita-se a meta no caminho e sonha-se, enquanto caminha.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Meio estranho

Meu dia foi meio sem sal, sem sódio e sem sol. Foi um dia abafado, com aquele mormaço, que nenhum carioca gosta, por conta da indefinição...o Sol não sai, a chuva não cai...o vento não sopra, os pássaros desconfortáveis, se aninham com dificuldades por entre as folhas dos Oitizeiros, que também estão insatisfeitos com o comportamento do clima.
Em dias assim, é mais difícil voar, parece quase impossível cantar,
o ar mais pesado, a casa mais quente,normalmente, tudo fica mais arrastado.
A ausência de Sol forte afasta a inspiração ao banho de mar...sem banho de mar,sem sódio na pele...um dia insosso, sem choro e sem riso...enfim, um dia estranho.
Por conta da correria, passei da hora de almoçar e deletei o caminho pra cozinha.
Me lembro...tinha planos incríveis! Ia tirar um bife do congelador, deixá-lo sobre a pia, enquanto escrevia algumas linhas de um tratado, onde exponho, de forma livre, minha teoria universal sobre a importância fundamental do Rascunho, em qualquer processo criativo. Sem rascunho não há arte final, em certos casos, o rascunho torna-se a própria obra de arte, sem retoques. Agora tenho a sensação de estar trabalhando o acabamento de um texto, que havia deixado no rascunho, ao mesmo tempo, outra sensação me toma por completo e me faz acreditar que os elementos expostos no rascunho já definiam o valor estético e o nível da obra de arte em questão.
Hoje, não é um dia tão estranho quanto aquele, posso encaminhar melhor minhas prioridades. Sei que perdi outra vez, a hora regular do almoço...mas, ainda não sei ser mais eficiente que isso. Uma página me causa muito sacrifício

Rascuhos pós

Na década de 1980, já no final, comecei a flertar com o Rock, até então, só havia me relacionado com o amplo repertório dos terreiros de Umbanda, Candomblé e alguns cânticos de igreja, que chegavam no meu quintal trazidos pelas vozes de uma vizinha ou outra, estimulada pelas "cantorias"(Jongos,sambas,maxixes,modas de folia de Reis) verdadeiros concertos à capela, que minha mãe realizava todos os dias. Sem entrar em nenhum edital, sem lei de incentivo e sem saber, conscientemente, que era dona/geradora de um "Ponto de Cultura", mantido por recursos próprios.
Essa era a dinâmica musical da minha infância. Ah! Devo acrescentar que o auxílio-pesquisa, vinha de um rádio grande, de madeira, que ficava em cima da Cristaleira, com uma engenhoca de fios que se estendia por sobre o telhado e conduziam minhas primeiras indagações a respeito das ondas sonoras...esse rádio ainda pegava ondas curtas, quem se lembra?
Bem, só aqui já expus, pelo menos uns quatro capítulos marcantes de minha vida. Minha mãe, é claro! Sua principal atividade artístico-política, uma vez que, ela cantava pra dizer que estava ali, ocupando aquele lugar, viva, ativa e pronta pra expor suas ideias. Outro capítulo, ah! As vizinhas, que se incomodavam muito com a beleza conjuntural da estética negra de minha mãe. Incomodadas, se sentiam provocadas e acabavam entrando na brincadeira de cantar suas "territorialidades pessoais".
Quantos aos outros dois capítulos, não vou me estender agora, já falei sobre eles, em outros textos...o rádio e a cristaleira, são dois personagens, extremamente, definidores dos meus primeiros caminhos mentais, meus primeiros questionamentos lógicos, enfim, minhas formulações mais significativas ainda na infância.
Ah! Um capítulo à parte, que já escrevi um pouco, no texto: Subjeticidade...é o Futebol, que perpassa toda a minha vida e formação, até os dias atuais. O mais intrigante dessa relação com o futebol, é que de paixão, virou objeto de pesquisa e não pretendo me desvencilhar tão cedo, mesmo não sendo profissional e nem torcedor fanático de futebol...trata-se de um olhar particular sobre essa atividade humana.
Vejam vocês a importância de um rascunho.
Nossa memória afetiva vai acumulando as informações, naquele baú imaginário, que a cada fase da vida, muda de tamanho sozinho, pra receber mais e mais informações, que surgem, passam por nossos sentidos e precisam repousar em um lugar confortável e seguro, seria esse baú imaginário, que durante algum tempo, publicamente, chamo de Caixa Preta.
A diversidade de opções e manifestações artísticas, que tinha na minha infância, não deixaram espaços pra eu pensar que o Rock era música de Nórdicos ou dos play-boys, porque, a explosão multicultural lá de casa, era tão significativa, que nada fazia falta.
Na adolescência, década de 1980, começo a compreender as estratégias da Colonização Portuguesa, Espanhola, Inglesa, Francesa, Holandesa e Norte-Americana.
Nesse fluxo de pesquisa, necessidade intelectual e política de saber sobre esse fenômeno planetário, quase me envenenei de Coca-Cola e outras drogas, que na verdade, são produtos componentes de uma ampla estratégia de dominação. Até a pessoa aprender que uma bebida, qualquer substância, comportamento ou mesmo alguma ideia é indispensável, à sua personalidade, haja propaganda, haja massificação! Salve o santo Marketing! Salve a santa televisão. Nessa época, entre outras leituras, estava lendo um livrinho, que agora não lembro o autor...mas, lembro o título: Invasão Estrangeira. Desse livro pra cá, nunca mais fiquei à vontade perto de pessoas que gostam muito de Coca-cola, Hamburguer, cocaína e "rock nórdico" ou "anglo-saxão".
Os estragos de uma colonização são irreparáveis. A quantidade de gente debilitada que é produzida, geração após geração, é assustadora. Quando os afetados conseguem balbuciar algo sobre "reparação", já tem um coro de alienadaos, que foram lobotomizados e afinados pelo "sistema colonial", cantando: Ah! Que bobagem é essa...pra quê tanta pressa? Como dizia o Betinho:" quem tem fome tem pressa!" E quem já foi assassinado em alto mar, quer agora o Cais do porto.
Na década de 1980, me envolvi com o Rock and roll!

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Desnecessidades

Um dia, sentado num boteco, observei uma série de acontecimentos comuns...desses que os dias trazem, repetidas vezes e nossos olhos, mesmo já cansados de enxergar, involuntariamente, movimentam-se, como dois sentinelas, numa coreografia impecável e determinam nosso direito de ver ou não, cenas surreais que a cidade oferece,
sem perguntar se é ou não do nosso agrado.
Agora, aqui pra nós, imagina se a cidade fosse um processo evoluído ao ponto de perguntar a cada cidadão se "isso" ou "aquilo" faz sentido, ser mostrado ou feito?
Com base na lógica da "Cidadania Ampliada", onde o cidadão tem plena consciência do seu poder individual/coletivo e sabe que não há cidade desenvolvida sem a participação efetiva dos cidadãos que nela habitam e que são os verdadeiros responsáveis por sua existência e bem estar.
Tudo poderia ser questionado e discutido coletivamente, todas as decisões mereceriam avaliação da Comunidade Cidadã, que seria composta de vários conselhos interligados por afinidades setoriais.
Quando o desenvolvimento sócio-cultural é travado ou retardado em uma cidade e o processo de formação política é manipulado e comprometido, com regras ultrapassadas, a "comunidade cidadã" encontra-se á beira de um abismo ou armadilha sistematizada, ou seja, uma espécie de ritualização da mesmice, pra facilitar a alienação e a dominação, diminuindo as perspectivas de sucesso da lógica da Cidadania Ampliada
sobre a lógica do Estado Limitado.
Um dia, sentado num Boteco, rascunhei uma teoria revolucionária...amassei o guardanapo e joguei na lata de LIXO, naquele momento, devo ter julgado aquelas ideias tão desnecessárias. No entanto, minha cidade ainda é tão rascunho de cidade...quem sabe algum revolucionário, ainda encontre aquele rascunho de revolução urbana?

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Fluxos e refluxos...

As forças subterrâneas que existem no subsolo, se movimentam à revelia de qualquer
sistema desenvolvido pela racionalidade humana.
Enquanto a ciência se pergunta sobre a existência de seres extra-terrestres, torna-se cada vez mais evidente, que o submundo se processa sob o domínio de uma engenharia fantástica, inigualável e, profundamente, inspiradora.
São muitas fontes de energia, em diversas partes do planeta, reservas minerais abundantes, que despertam a ambição e a cobiça dos homens, que são capazes de qualquer sacrifício pra se apoderar dessas riquezas naturais.
Com um tecido tão complexo e extenso, surpresas geniais podem acontecer, a todo momento, a tensão gravitacional, que mantém todas as coisas presas à superfície, como se nada estivesse acontecendo nas outras esferas do universo, deve ser responsável também, pela sensação de ligação eterna que o ser humano nutre por este planeta.
O homem, de tanto ficar preso, quase não entende o desprendimento, o desapego, enfim...desprender-se é um dos exercícios mais difíceis para os humanos. Talvez, isso nos ajude a pensar e entender melhor porque sofremos tanto com a ideia da ausência de alguém que gostaríamos de ter sempre por perto, mesmo sabendo que ninguém pode permanecer pra sempre na esfera terrena. A terra é um porto, uma estação, uma plataforma de transição...uma passagem pra outra dimensão.
Aqui e agora, elevo-me e uno-me a todos os meus ancestrais, todos os meus mortos, dos mais recentes aos mais remotos.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Homem de Pedra.

Ah! Fulano tem coração de pedra! Todos nós, não só já ouvimos isso, como conhecemos pessoas, não com "coração de pedra"...mas, com o reservatório emocional congelado, aquela coisa fria, seca, feito Brasília, em dias de inverno.
Mesmo essas pessoas, enquanto vivem, derramam-se por dentro, em rios de sangue ininterruptos de uma artéria à outra, pra que todo o corpo funcione.
Imagine um homem que passou por uma experiência química e teve boa parte do seu sistema nervoso afetado...depois de um certo tempo, suas células começaram a empedrar...mas, por algum fenômeno inexplicável da ciência, o homem permaneceu vivo. É claro, que você vai lembrar logo, daquele estranho Super-herói dos quadrinhos: " A COISA". Exatamente!
Eu também lembrei.
Abri essa janela pra pensar melhor sobre um outro fenômeno científico, que segundo os mais antigos, aconteceu aqui no coração da América Latina. Pra início de conversa, o maior barato dessa estória é saber que toda a lavagem cerebral realizada pelo Eurocentrismo, sobre os "não europeus" não foi capaz de apagar os vasos sanguíneos cheios de informações milenares, contidos nas centenas de milhares de corpos abatidos e soterrados nesse território.
Cientificamente, já entendemos que a Terra é o "Planeta laboratório". Aqui, como dizia, Lavoisier: "Nada se cria, nada se perde, tudo se transforma". Essa característica fantástica deve-se as condições orgânicas da composição e do posicionamento da Terra em relação ao Sol. Em outros planetas não é assim. Ser o terceiro planeta do sistema, contribui muito pra que seja desse jeito. Não está tão perto, nem tão distante do alcance da energia Solar, responsável por todos os processos de transformações em sua natureza.
Um dos meus mestres Invisíveis, o guardião do Templo sem Teto e Inspirador do Quinto decanato, me ensina que o voo é um trabalho como qualquer outro, é uma operação de movimentos, impulso, pulso, fluxo e refluxo.

domingo, 16 de outubro de 2011

Criartinomia, a série

Criar é mais que apaixonante. É tudo! E por pior que seja, a criação, significa um processo iniciado, desenvolvido e concluído.É o pleno exercício da "escolha", com liberdade, consciência e autonomia. Enquanto crio, nenhum sistema é maior ou melhor, que aquilo que estou criando. Assim, experimento todo poder do ato criativo como se fosse um jato de vida a mais, no deserto de tantos mortos, onde verbo e verba, não são termos da mesma língua. Por mais subjetivo que seja o ato criativo, exercito a compreensão da objetividade da vida. Nesse contexto, não estou interessado em provar nada pra ninguém, só estou comprometido com o desenvolvimento do meu processo criativo, nada mais. A dimensão dessas criações, não me importa. Pequenas, grandes... maximais ou minimais, se somarão ao conjunto da obra e como dizem os pretos velhos deitados: "pequenos sinais, podem significar grandes histórias,ainda não contadas" ou grandes caminhos ainda não percorridos.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Pedra Colonial

Bem, até onde sabemos, pedra é pedra, não tem sentimentos. Se algum dia encontrares uma pedra chorando ou cantando um Fado, não se assuste, pode ser uma pedra portuguesa.
Tá aí, um fato intrigante. As pedras existem antes da presença do homem no Planeta, pra mandar papo reto,quero dizer que, as pedras nunca dependeram do homem pra sentir ou deixar de sentir. Logo, me ponho a neuroniar...que tipo de gente, ficaria olhando pra um pedaço ou um monte de pedras à espera de alguma reação sentimental?
Não se preocupe em responder, isso não é um teste de conhecimentos gerais, isso é um texto de conhecimentos específicos. Se você não gosta de Geologia, Mineralogia, Filosofia, Artes plásticas ou Artes literárias, esqueça! Não precisa nem continuar essa leitura.
Tenho certeza, que nenhuma pedra vai sair do seu repouso habitual, pra implorar sua atenção mesquinha, seu "olhar Colonial", sempre disposto a classificar tudo, a enquadrar tudo no seu "modo de ver", pra se achar superior ou pra disfarçar sua pequenez diante da grandeza dos que vivem sem se importar com a nacionalidade da pedra, por exemplo.
A pedra não está nem aí, pra o fato de que alguém, pensa que ela é Portuguesa ou Irlandesa ou Javaneza, ela é pedra e pronto! Em qualquer lugar do mundo, ela sempre será pedra e continuará ignorando esses tipos preocupados, assustados com o comportamento alheio, como se sofressem de uma doença, caracterizada por uma necessidade excessiva de controlar tudo a sua volta, inclusive as pedras.
Então, também não estou nem aí, pra o caso das pedras com os homens. Não posso esperar que elas, as pedras, façam um amplo movimento libertador para descolonizar todas as pedras do planeta terra. Por outro lado, preocupa-me o efeito da colonização sobre as pessoas colonizadas que não percebem o quanto são tratadas como se fossem pedras.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Quebrando pedras

Sim! Cada vez mais, me convenço da importância dos nossos sonhos. É claro, que me refiro aos sonhos que escolhemos pra cultivar. Só aí, já estão dois exercícios, extremamente, cansativos e, às vezes, dolorosos: Escolher e cultivar.
Já é tão difícil ter um sonho bom, mais difícil ainda, escolher entre tantos sonhos, um ou outro, que sirva pra ser cultivado.
Pensando bem sobre essas questões, algo vai se descortinando...será que todas as pessoas podem ou tem a oportunidade de escolher seus sonhos? Será que todas as pessoas cultivam o sonho que escolheram?
Na Real, não é isso que acontece,né? O que mais vemos por aí, é gente pendurada, feito pingente de trem, na aba do sonho de alguém. Ouve-se muito , a torto e a direito, pessoas dizendo: Ah! Essa noite dormi muito mal! Tive vários pesadelos, horríveis! Não quero nem lembrar!
Quando alguém resolve contar um sonho que teve, geralmente, é porque já elegeu, entre todos, aquele como o melhor pra ser contado, dividido com alguém. O que não significa que possa ser cultivado, alimentado, transformado em realidade.

Captar um sonho das infinitudes do insondável e transportá-lo para a concretude do mundo real, exige mais que mestria. Exige trabalho, esforço, dedicação, clareza ideológica e vontade política. Se isso parece pouco, cada sonhador que acredita ter feito a escolha certa e já definiu o que vai cultivar, precisa ainda se certificar das condições ambientais, climáticas, temporais e filosóficas pra encaixar o seu culto ao sonho escolhido.
Como podem perceber são muitas etapas. Ninguém realiza um sonho, assim, num passe de mágica. A magia se dá ao longo da construção, no enfrentamento, na adversidade, no movimento pra remover os obstáculos.
Nas horas de combates, experimentamos nosso poder e nossas limitações, diante dos maiores desafios, somos convidados a fazer escolhas, quando temos certeza do que queremos, vamos até o fim...vamos quebrar qualquer pedreira, pra chegar ao domínio do nosso próprio sonho. Dificilmente, vamos optar por ficar dependurado na aba do sonho de alguém...

domingo, 25 de setembro de 2011

Dias que se vão

Quase nada podemos fazer pra impedir que o tempo se vá. O tempo é livre. Não deve nada a ninguém, por isso não precisa pedir licença, desculpas, ficar preocupado, pensando no que pode ou não pode. O tempo, autoritariamente, passa! O tempo é poderoso!
Admirável, essa característica do tempo. Poderoso, incontrolável...êpa! Se o tempo é incontrolável, então o que é isso que está contido dentro dos relógios, demarcado por movimentos, matemáticamente, calculados numa coreografia robótica de ponteiros cegos, surdos e mudos, feitos só pra girar, num mesmo sentido, irritantemente, até que a engrenagem dê defeito?
Seria uma invenção do homem pra se sentir mais poderoso que o tempo? Um mecanismo pra dialogar com o tempo? Diante da angústia de não poder conter o fluxo do tempo em si, tenha buscado uma forma de contê-lo, fora de si.
Uma coisa já ficou clara pra todos nós, que já saímos das trevas: cada cultura, lida com o tempo ao seu modo.
Logo, podemos concluir que, de acordo com a sua cultura, o homem pode ser mais ou menos incomodado com as características do tempo. Como por exemplo, ficar pensando se está perdendo ou ganhando tempo...se tem mais ou menos tempo que um outro homem...sentir medo, diante da possibilidade de não ter tempo pra ser o que realmente quer ser...ficar querendo sempre mais tempo pra executar algo, dentro de uma medida de tempo determinada. Enfim, ás vezes, tudo se resume em uma única expressão: "É tudo uma questão de tempo!"
O homem em seu processo de auto-entendimento e consciência das matérias vivas e não vivas, existentes na exterioridade do seu corpo, vem convivendo com inúmeras crises de identidade, ao longo de sua existência. Dotado de uma estrutura cerebral, diferenciada dos outros animais, desenvolveu,em partes diferentes do planeta, alguns esquemas pra sobreviver às crises, que consequentemente, geram outras crises.
As etapas que constituem o surgimento da vida humana é uma sucessão de crises. Perceber que algumas coisas vão e voltam, como se nuncam saíssem do lugar, dá ideia de segurança, tanto quanto, causa desespero e angústia por não apresentar novas possibilidades.
De tanto ver as mesmas imagens, indo e voltando, nossos sentidos, naturalmente, se cansam e começam a entrar em pane, nesse instante, o sistema vigente, perde o controle, instaura-se uma crise, que pode ser de criação ou de destruição...nesse caso, é tudo uma questão de cultura e não de tempo.

sábado, 17 de setembro de 2011

Criartinomia

Olhos abertos ou fechados, não consigo fazer quase nada pra interferir no funcionamento intra-neuronal do meu cérebro. Isso não chega a ser um problema. Pelo contrário, sinto uma certa satisfação em saber que, nem mesmo eu, posso controlar meus Neurônios mais ativos, criativos, reativos e por isso, mais rebeldes. Estou, cada vez, mais convencido de que são esses mais inquietos, os responsáveis por todo o meu processo de criticidade interventiva sobre as linhas da "normalidade vigente". Tenho feito um esforço inimaginável, pra não entrar na frequência desses afortunados de energia nuclear neurônica, nos momentos em que, não posso dar prioridade aos seus anseios de transformar os códigos do velho mundo em lâminas, quase imperceptíveis, que possibilitam o acesso ampliado para qualquer pessoa, divagar por entre as gigantescas massas de informações, que deslocam-se pelo espaço. Não posso mais escrever, agora...preciso desconectar-me. Outra hora, continuo essa conversa. Espero não demorar muito a retomá-la, nunca sei quando volto a esse ponto da minha crise literária. Com os olhos abertos ou fechados, eles não param. Ainda que me desconecte, esses incríveis processadores intra-neuronais, permanecerão elaborando suas pesquisas dentro do meu cérebro, que agora está captando, na íntegra, o corpo sonoro de uma trilha musical, que fiz para esses intantes de criartisia. Seria isso, uma espécie de crise de criação artística? Pode ser! Talvez, não seja nada disso...talvez não passe de um exercício de articulação intramolecular das microfibras que formam o tecido das minhas redes neuronais. Trocando em miúdos, sem esquecer aquele velho ditado chinês que resulta da junção de dois ideogramas: Oportunidade + Risco= crise= oportunidade+ risco.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Mais um setembro

Entre as várias coisas que já pensei, como forma ou procedimento, pra me expressar através da palavra escrita, tenho um carinho especial pelo conjunto dos meses do ano.
Chego a pensar que todas as pessoas, em algum momento de suas vidas, lembram algo acontecido, em um determinado mes, que marcou e mudou tudo no seu modo de ver e entender as coisas.
O Mês de setembro já era um marco em minha vida. Nesse mês, nasceu meu irmão(do meio)que acompanhou toda minha infância, foi meu herói, me iniciou nas leituras das revistas em quadrinhos, parceiro de muitas partidas no gramado do Campo do Vila Americana... me levou, escondido dos pais, ao primeiro baile Black, no clube Guarany, em queimados, que não sei se ainda existe.
Esse mesmo irmão, mais tarde, Já na minha adolescência, passou a exigir de mim a mesma atenção que me dera no passado. É quando passo a me dedicar a ele, tal fez comigo...no entanto, não fui tão eficiente. Aprendi, através dele, como o alcoolismo aliado a falta de acesso e opções, tornam-se ingredientes poderosos para destruir um homem, em alguns anos.
Meu irmão, herói-negro-setembrino, virginiano, nascido no dia 7 de setembro, que me carregou pra casa, no colo, quando aos quatro anos me embriaguei com uns goles de vinho, numa tarde de Natal...por essa experiência, procurei nunca mais me embriagar.
Esse mesmo irmão, de tantas aventuras inesquecíveis, me aprontou a última, quando decidiu morrer e abandonar seu posto insubstituível na minha escala de valores ancestrais.
Não bastasse tudo isso, pra encher os setembros todos pra sempre, no dia 4, de um outro setembro, nasce minha primeira e única filha pra arrebatar minha alma prás alturas inimagináveis...Assim, jamais passarei um setembro se quer, sem essa dupla lembrança: Meu irmão, meu herói e minha filha, minha Deusa e herdeira dos meus caminhos poéticos e rascunhos literários... salve, salve! Mais um setembro e suas folhas secas dançando, loucamente pelas ruas da cidade. Ah! Mais um setembro.

domingo, 21 de agosto de 2011

Desnecessidades

Ao longo desses meus decanatos, já se vão quatro...tenho vivido experiências muito interessantes. Tenho passado por situações difíceis, mas tenho tirado o melhor proveito de tudo que acontece comigo, direta ou indiretamente. Os acontecimentos estão, quase sempre ligados às pessoas com quem nos relacionamos. Quase sempre porque, às vezes, o acontecimento não depende de ninguém, além de nós mesmos. É bom saber disso, fortalece nosso senso de autonomia, ao mesmo tempo, precisamos aprender a equilibrar, pra não nos tornarmos adoradores exagerados do próprio umbigo e cairmos na cegueira, que nos impede de enxergar os acontecimentos gerados pelos coletivos, pelas comunidades, por exemplo.
Atualmente, falar de comunidade, a informação que vem à cabeça, é a ideia de comunidade virtual. Considero isso também, no entanto, estou me referindo às comunidades de pessoas que vivem em um determinado lugar e desenvolvem uma determinada "cultura comunitária" e, por força dessa cultura, produzem acontecimentos de vários sentidos e formatos.
Indivíduos ao se juntarem, formam comunidades e comunidades formam outros indivíduos, isso está dado. Mas, esse ciclo é responsável por uma avalanche de fatos cotidianos, que nem sempre são captados nos mínimos detalhes. Muita coisa fica submersa na amálgama dos anos, muitos acontecimentos são transferidos para planos menos importantes, em função de outros, por escolha ou por necessidade de cada indivíduo ou cada comunidade.
De vez em quando, reencontro alguém, que ainda está, de certa forma ligado à primeira fase da minha trajetória de ativista no movimento social, ou seja, alguém que me viu e teve a oportunidade de conviver comigo, quando eu era só um iniciante nesses assuntos, quando estava me debatendo pra entender o que era "movimento comunitário", "Cultura Comunitária", "Arte Comunitária", "Política Comunitária", enfim, esse universo infinito das possibilidades estratégicas que um ou mais grupos sociais se permitem quando se organizam em torno de suas afinidades, necessidades e objetivos.
Hoje, tenho profundo respeito por esses dois aspectos da vida humana: a solidão e a sociabilidade.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Rascunhos.

Bem, agora, não tem mais volta. Estou vivendo a aventura literária que vai desaguar no oceano salgado das lágrimas retidas nas minhas entranhas. Nossa! Que surto! Que rompante! Como diz, o parceiro e amigo, Mano Brown: "É desse jeito!" Gosto disso!
As coisas, conectam-se, entre si, de acordo com as possibilidades. Só é, aquilo que pode ser. Mas, quem determina o que pode e o que não pode, são as pessoas que manipulam e operam as coisas. Aparentemente, não há nada de novo nisso, a não ser o fato
do quem e de onde se fala. Nesse caso, quem está falando sou eu, de um lugar, definitivamente, meu. Logo, se é meu, conheço e domino as suas propriedades, o que me faz proprietário desse lugar e das coisas existentes nele. Nada ou tudo a ver com Max Weber e os princípios da propriedade privada. Seria esse meu lugar, um território privado? Ou seria público? Não importa!
Quando alguém fala: "Ah! A minha vida pública é uma coisa. Já a minha vida privada é outra." Na verdade, ningúem vive duas vidas. A vida é uma só! O máximo que se consegue é por em prática, procedimentos diferentes para cada situação, o que já exige, uma certa habilidade e domínios de linguagens específicas. Em outras palavras, isso quer dizer que é muito difícil separar as coisas que, convencionalmente, estão juntas.
Nos acostumamos a entender como vida, o período, pós- nascimento e pré-morte, tudo que está fora dessa equação, soa como algo pré-conceitual, ou seja, pode ser chamado de qualquer coisa. Nossa ignorância, nos conduz, como se fôssemos cegos e nos diz:- vai! Fala isso, fala aquilo...faz isso, faz aquilo. Aí, sem perceber já estamos atuando no campo minado do "preconceito ativo", que é um estágio perigoso dessa doença humana. A ciência ainda não trata do preconceito das outras espécies do reino animal.
Pelas linhas expostas aqui, parece que, ser preconceituoso é quase natural,né? É como se todos nós, independente de qualquer característica ou grau de formação, trouxéssemos no nosso kit de primeiros socorros, um chip carregado de códigos, responsáveis pelas ações preconceituosas que praticamos a todo instante.
Às vezes, perece mesmo impossível, pra algumas pessoas, separar o preconceito dos seus atos mais básicos. Ou seja, casos, quase perdidos.
Ora, bolas! Curaios! O que tem a ver o cu com os furos das meias velhas?
Tudo a ver! Tudo é furo! Ambos são passagens, são saidas. É isso! Não deixe que sua ignorância privada aprisione sua inteligência pública. Não se isole, procure ajuda, preconceito é doença, pode causar atrofia neuronal.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Manias e tiques...

Todos nós temos nossos traços de comportamento, certo? No entanto, nem todos os traços são aceitos, facilmente. Algumas pessoas levam muito tempo, pra catalogar todos os seus "tiques" e todas as suas manias.
Nunca me preocupei muito com isso. Sempre deixei rolar. Hoje, se lanço uma lanterna sobre minha tragetória comportamental pregressa, sei que vou encontrar vários detalhes que assimilei por conta dos envolvimentos diversificados que tive com pessoas de culturas diferentes, interesses e objetivos ideológicos diferentes...no campo social somos o espelho e o reflexo ao mesmo tempo. Refletimos e somos refletidos pelos outros, que também refletem e são refletidos por nós e por outros...assim, como em uma espiral sem fim, sem fim...
Enquanto escrevo essas linhas, me lembro de uma atividade que faço, com certa frequência, sendo bem sincero, com frequência exagerada...daqui a pouco falo sobre ela. Só consegui colocá-la nessa categoria de "minhas manias", recentemente. Ainda estou me acostumando com essa nova companhia e, nem posso dizer, se é indesejável ou não. Uma coisa não tenho como negar, toda vez que faço, me pego no "flagra" e me suborno, pra não parar de fazer. Isso é no mínimo, curioso. Estou me observando. Um dia resolvo pra sempre, acredito no meu bom senso.
Na real, somos o resultado da junção de uma variedade de códigos que se combinam e que se descombinam, por isso, somos cheios de virtudes e defeitos, somos causa e efeito. Ao mesmo tempo, estamos indo e voltando, sem sair do lugar. Em outros casos, percorremos caminhos variadíssimos, sem compreender a dimensão exata do espaço que temos a nossa disposição. Somos elementos, peças de uma obra ,engenhosamente, genial.
Durante a feitura desse texto, me dei conta de uma prática ou hábito muito frequente em meu comportamento. Daí, o título "Manias e tiques."
Não posso ficar perto de guardanapos. Como assim? Passo mal, tenho surto alérgico? Não! Nada disso!
Sou apaixonado, profundamente, dependente desses pedaços de papel, que ficam organizadinhos nos balcões dos bares, lanchonetes, restaurantes e afins...quando bato os olhos, automaticamente, meus sentidos se confundem e meus atos fluem sem controle, meus braços se extendem, como se fossem tentáculos e as mãos alcançam o alvo, objeto de desejo dos olhos e de outros órgãos também. Já descobri ou inventei
várias funções para esses nobres retângulos de celulose,conhecidos como guardanapos.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Desnecessidades

Tenho escrito mais, ultimamente. Comparando aos longos períodos que fiquei sem escrever. Sempre que escrevo, penso no quanto deixei de escrever...aí, exercito minha memória e meu imaginário, como se fosse um escafandrista, mergulho, mergulho em busca daquelas cenas e imagens deslumbrantes que ajudaram a formar o mosaico que sou e que gosto de ser.
Assim, o momento da escrita é sempre um acontecimento à parte. Cada linha, cada estrofe, cada sequência de imagens e sentidos. O prazer da construção de um "percepto", a desconstrução de uma convenção antiga, daquelas que ninguém aguenta mais. Enfim, escrever é uma das atividades que escolhi para minha auto-realização. Depois que escrevi o primeiro texto, aos nove anos de idade, percebi algo inigualável, no em torno e por dentro de mim. De lá pra cá, prometi que jamais me afastaria daquela sensação gostosa, que experimentei quando escrevi
"Contato esmeralda", meu primeiro texto. Outros vieram, vibrei.Vivi. Comemorei e nesse momento, estou escrevendo uma espécie de homenagem a tudo que escrevi. Por isso,chamei de Desnecessidades.
Recentemente, saquei que tenho me aproximado mais da possibilidade de realizar um dos projetos mais antigos de minha vida. Antes de entrar pra faculdade de Ciências Sociais, ainda na minha fase mais subversiva, já havia feito uma espécie de coletânea dos meus primeiros poemas, "baptizei" de " imagens poévias". Não foi publicado. Certamente,aquela incipiente produção poética, foi responsável por tudo que escrevi, posteriormente.
Nas décadas seguintes, minha produção de textos se resumiu em letras de músicas, alguns poemas livres, textos para projetos culturais, argumentos filosóficos sobre Poelosofia e tudo o mais chamei de "Rascunhos das Desnecessidades". Agora, estou trabalhando para transformar todo o conteúdo dos rascunhos produzido nos últimos anos, em páginas da minha primeira publicação individual, já que, em 2010, participei de uma revista literária( Apalpe)coletânea de contos de jovens escritores das periferias cariocas. Devo admitir que foi uma experiência, salutar pra que me determinasse a retomar o projeto de compilar meu tão sonhado livro de ideias, pós, vias, visões e reflexões sobre subjetividades do homem suburbano.

terça-feira, 24 de maio de 2011

MUERTE DE ABDIAS DO NASCIMENTO

MUERE ABDIAS DO NASCIMENTO EN BRASIL.

LOS MOVIMIENTOS AFROS DEL MUNDO PIRDEN UN GRAN PENSADOR DE LAS CUESTIONES DE LA DIÁSPORA AFRICANA Y UN HOMBRE DE LUCHA ANTIRACISTA. EL MÁS IMPORTANTE INTELECTUAL AFROBRASILEÑO, ASÍ COMO MANUEL ZAPATA OLIVELLA, DE COLOMBIA, ABDIAS DO NASCIMENTO, , FUE UN HUMANISTA SIN COMPARACIÓN. UN INVESTIGADOR QUE LUCHÓ POR UNA EDUCACIÓN PARA TODOS Y POR MEJORIAS DE CONDICIONES DE LOS GRUPOS AFROS EN BRASIL Y EN MUCHAS PARTES DEL MUNDO. SU LENGUAJE FUE LA QUE NOMBRÓ UNA ÓPTICA ÚNICA PARA PENSAR TAMBIÉN LA ESTÉTICA AFROBRASILEÑA.CELEBRAMOS SU VIDA EN SU MUERTE.BUSCÓ LA LIBERTAD DE SU GENTE PERO LA LIBERTAD DE SU PAÍS. AYUDÓ A FOMENTAR EL ESPÍRITU DE LA RESISTENCIA CON SU DRAMATURGÍA, ARTE Y PERFORMANCE POLÍTICA CUANDO MUCHOS TEÓRICOS VENDÍAN UN BRASIL PERFECTO Y SIN RACISMO. NUESTRO RENACIMIENTO TIENE MUCHO QUE VER CON LAS ENMIENDAS CONSTITUCIONALES QUE AYUDÓ A CREAR Y CON LAS FORMAS ADOPTADAS DE CAMBIARSE HOMBRE AFRO.

PARA NUESTRO ANCESTRO... ABDIAS DO NASCIMENTO.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Janelas, portas e portais

Abrir as janelas da casa, era uma atividade importantíssima, todas as manhãs. Para que despertássemos dos nossos sonhos ou pesadelos e fôssemos abraçados
pelos raios de sol.
“ Abre a janela formosa mulher, dizia o poeta cantador...”

Minha mãe, não só abria as janelas. Na maioria das vezes, ajeitava a guela, abria a voz e desfolhava de sua árvore genealógica, páginas cheias de cantigas e canções de um repertório preparado por ela, durante suas passagens pelo universo musical das “bandas de bailes”.
“ Abre a janela formosa mulher, da velha lapa que passou!”

Junto com essas canções, surgiam melodias sem letras, que ela solfejava ou às vezes, usava outra técnica, que meu grau de pertencimento me autoriza a batizar de “gungunado”, em sua homenagem e inspirado no jeito de falar dos Pretos velhos, enfim, coisa de preto.

Por isso, sempre gostei de janelas. Não agüentaria morar em casas sem ou com deficiência de janelas. Automaticamente, quando abri a primeira janela desse texto, na primeira linha, já estava lembrando da casa onde nasci e das primeiras janelas que abri, após as janelas dos meus olhos...

Várias vezes, me pego revirando os arquivos imagéticos da minha infância, atrás de alguma informação perdida. Quando sei o que estou procurando, abro uma janela e logo, chego ao lugar ou situação buscada. Quando não sei, exatamente, o que quero, tenho necessidade de abrir várias janelas, até chegar onde preciso.

Esse processo de abrir janelas para visualizar coisas, acontecimentos e pessoas que passaram por nós, vai além do exercício de lembrar. É um trabalho de restauração da memória daquilo que somos. Tanto pelo que vivemos quanto pelo que deixamos de viver.
Ou seja, o que vivemos está dentro de nós, é parte do nosso corpo. O que deixamos de viver está no espaço da memória que acessamos quando abrimos nossas janelas imaginárias.

Se não tenho os códigos certos pra abrir a janela no tempo exato do acontecimento, dificilmente, vou acessar a informação que preciso, abrindo uma janela só. Aí, entra em cena o processo, de janela em janela posso ver todos os lados da casa.
Posso ainda, considerar que minha vida é minha morada, meu templo, quero dizer, moro em minhas lembranças, sonhos, feitos e não-feitos.

Questionário

Você ouve o som que vem das massas
espremidas pelo rolo compressor?
Que tritura corpos como se fosse cana em moenda...

Será que você sabe o valor de mil gotas de suor
que cai do corpo de um trabalhador?
Sabe quantas almas vagam
sem que uma luz se acenda?

Imagina a quantidade de perguntas que compõe esse questionário?
Você separa o seu lixo?
Você dá esmola?
Tem endereço fixo?
Você passa a bola?

Qualé a cara de Deus no seu imaginário?
É igual?
É diferente?
Seria a soma dos seus ancestrais com os seus descendentes?

Você é uma pessoa globalizada?
Vive onlainemente ?
Seu país foi colonizado?

O que você faz quando percebe que não está fazendo nada?
Entra em crise?
Chuta o balde?
Se aplica?
Se muda?
Ou senta a bunda na calçada?
Se faz de morto ?
Dorme no chão?
Vira cachorro?
Mija no poste?

Se sente um completo animal?
Sem choro, sem riso, sem bem ou mal
sem inferno ou paraíso, sem corpo de operário, sem pose de intelectual...
Você ouve o silêncio sufocado dos que vivem na asfixia do underground?

Não se preocupe com o meu cabelo, com a minha roupa, com o meu estilo, minha estética, tenha ética!
Não se meta em minha rima, não dê meta a minha métrica.

Não me peça que eu me esqueça
Eu tenho um Rio de memória dentro da minha cabeça.

sexta-feira, 11 de março de 2011

POELOSOFIA

Campo de estudos reflexivos sobre a abrangência do Poético como eixo fundamental para análise dos estados de consciências da mente humana.
Linha tênue ou ponto de conexão entre a Poesia e a filosofia.
Quando o poeta quer filosofia e quando o filósofo quer poesia.
Quando os versos de um poema
querem dizer algo além da imaginação dos simples mortais, quando um postulado filosófico alcança o cerne da simplicidade do cotidiano e gera a pérola da compreensão.

Isto é Poelosofia.

Nesse Campo trabalharemos sempre com o poético e o filosófico, sem nos aprisionarmos a Filosofia, enquanto ciência ou a Poesia , enquanto linguagem. Estaremos sempre Poelosofando. Vamos poelosofar? Experimente! Vem!

É claro que se trata de mais uma provocação. Há algo mais interessante no processo de trabalho com ideias, que aquele ponto de tensão/atração gerado por algum tipo de provocação ou desafio à nossa capacidade de compreensão? Talvez, sim! Talvez, não!
vai depender do grau de interesse de cada um pelo valor das informações que possam estar contidas nas tais provocações.

Quando começei a pensar essa configuração, que aqui batizo de Poelosofia, me senti diante de um imenso portal de auto-conhecimento. Aí, fiquei como? Tenso e atraido a
desenrolar o tema, como se fosse mais um jogo de palavras e sentidos.
Mais que um desafio pra minha capacidade de compreender meus próprios recursos mentais, estava criando uma ordem de problemas que me exigiriam, em algum momento, resoluções ou pelo menos, propostas para resolvê-los. Assim, depois de muito tempo pensando sobre isso, decidi escrever, ou seja, estou me propondo a encarar meu próprio desafio de pensar, falar e escrever sobre Poelosofia.

Como se trata de algo que está em fase de elaboração, não tenho as respostas, para as perguntas que possam surgir ao longo do processo de desenvolvimento dessa linguagem. Penso que posso entendê-la assim, pela forma como estou trabalhando para estruturar seus postulados, argumentações, funcionalidades e aplicações na vida prática.

Faço questão de deixar bem "enegrecido", que é um exercício de escafandro na subjetividade humana, tendo como plataforma, a minha. Assim, de mergulho em mergulho,estarei sempre à disposição e interagindo com diversos elementos dispostos
no oceano abstrato do meu micro universo poético-filosófico, burilando a pérola que me autorizo a baptizar de Poelosofia.

Aqui, nesse espaço, gostaria de me ater ao compromisso único de escrever. No entanto, percebo que toda vez que venho postar um parágrafo pensado, automaticamente, sinto necessidade de escrever outros e abrir outras janelas da casa que estou construindo, durante toda a minha vida. Logo, entendo que, preciso sentir, pensar, falar, agir, interagir e por último, escrever. Sempre considerando os casos de subversão dessa ordem.

quinta-feira, 10 de março de 2011

SALDOS DE CARNAVAL

Não importa o lugar, todo país que preserva essa tradição dos festejos carnavalescos ou se preferirmos,"Festa da Carne", passados os dias de intenso fogo interno, quilogramas de maquiagens e máscaras de alegria, perdem o trono, imediatamente, para uma legião de anjos caídos.

Almas vazias, corpos pesados, traídos pelas bruxas da ilusão, da sedução e da luxúria.Assim, quem assume o tão disputado trono é a tristeza. Magestade dos desencantados, desiludidos, abandonados, carregados de códigos e imagens indecifráveis na cabeça.

Sob as sombras dessas almas, que só aumentam a cada Carnaval, se desenvolve o estranho reinado da tristeza, também conhecido por aqui como "Quaresma", tenebroso período de quarenta dias, um mix ou uma verdadeira "zona morta" entre o carnaval e a páscoa.

Mas não é que essas coisas funcionam!!! "Agora o que se faz?".. Alguém pergunta : "Ah sim! É tempo de recolhimento"... Respondeu o amigo. Depois vamos todos para a loja Americana encher o cartão de crédito com compras de produtos da Nestlé... Garoto.... "É TEMPO DE PÁSCOA"!!!!!anuncia o outdoor. Ah Muleque! Ainda vamos encher os cornos com o Sangue de Cristo, sangria ou seria Sangue de Boi?

Os saudosistas sofrem até quando o sol se põe no posto 9, imagina o sofrimento deles quando acaba o carnaval? Como dizia aquela personagem da novela: "É a treva!" Vou nessa! Vou fazer um samba triste, por entre as sombras da quaresma. Fui!

sábado, 22 de janeiro de 2011

Surto Criartístico.

Quando alguém passa anos de sua vida, desafiando o silêncio, só se pode esperar algum tipo de explosão...essas linhas podem soar como uma máxima vazia, ao mesmo tempo, podem inspirar uma excelente reflexão sobre o ato de criação.

Nas linhas, posteriores a essas declarações, é interessante deixar claro, que ninguém se declara em público, com tanta segurança, se não viveu o suficiente pra afirmar e defender, com naturalidade, as nuances na textura do mel e na textura do fel...em outras palavras, quero dizer, que é por conta de algum sacrifício, que alguém aceita mergulhar de cabeça em um determinado processo ou experiência e, ainda se propõe a uma exposição dos resultados de sua viagem interior...

Imagine o silêncio de um Monge de qualquer doutrina que se dedica a cumprir um pacto com o "insondável", o invisível, enfim, algo sem forma, impalpável, indefinível, sem dimensões exatas...Para tal processo imaginativo é preciso muito mais que silêncio.
É fundamental que se queira aprender tudo sobre o seu próprio caminho solitário em busca de um saber específico...aquilo que se possa chamar de "algo mais", o diferencial que possibilite ao espaçonauta, situar-se como referência, no tempo e no espaço, capaz de conduzir sua nave por rotas improváveis e ainda retornar à Terra e ao coletivo humano, um legado cheio de outras perspectivas.

Um ato de criação, seja qual for a linguagem ou área do conhecimento, exige imersão, que às vezes, parece confinamento, solitarismo. É quando criador e criatura, convertem-se em um só organismo, pra gerar aquilo que será ARTE.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Poética Afética.

Sempre que entro numa certa esfera de sensações, sinto necessidade de retomar umas falas inaudíveis ou pensamentos intratímpanos...que trazem sabores antigos e tão próximos de mim. Toda vez que me lembrar dessa temática e não conseguir conter o ímpeto de escrever, vou chamar de "Poética Afética", assim já sei que se trata dos meus caminhos mais íntimos, aqueles que me levam e me trazem pelas entranhas dos meus sonhos,acordes e acordos que fiz comigo mesmo, em vários momentos diferentes da minha vida e da construção de trajetória que escolhi pra chegar até aqui onde estou.

Lugar simbólico e imaginário que elaborei com extremo cuidado e dedicação ao longo de quatro decanatos(Qd), quase não me preocupei com o mundo à minha volta, praticamente,deixei muros e paredes desabarem sem me importar, saltei os escombros e segui meus sentidos e minha "Deusa intuição"...egoísta? Alguém irá perguntar ou afirmar com toda certeza que fui ou que sou. Não há espaço pra arrependimentos...sei o quanto me doei e me deixei levar por meus devaneios idealistas a ponto de quase esquecer de mim.

Aqui desse lugar de onde estou, simplesmente, deixo fluir algumas falas inaudíveis, resultantes de pensamentos explosivos dentro dos meus tímpanos. Antes de se tornarem ou se aproximarem de qualquer forma de expressão artística, são demarcadores fundamentais do meu território poético-afetivo.

Até onde o seu afeto afeta alguém? E até onde voce se deixa afetar pelo afeto de alguém?

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Negócios

Depois de uma certa negridade,nós, homens negros, naturalmente, recebemos um cajado ou qualquer outro objeto que,simbolicamente, nos ajude a marcar a metaforma de nossa ancestralidade. A questão se complica quando tomamos consciência de que esse objeto funciona como uma chave que cabe em muitas portas...mas, na verdade, só abre uma...aquela que vai dar na direta relação com o que há de mais africano em nós, livre dos estereotipos,é como se entrássemos em contato, com nossa Nave-mãe e entendêssemos o elevadíssimo nível de inteligência que pariu o primeiro ser-humano, sendo atacada e destruida por seus filhos. Aí, exatamente, nesse ponto da conversa, sentimos o peso da civilização e a importância do movimento diaspórico em defesa da grande árvore África e de seus frutos espalhados pelo planeta terra e, certamente, por outros também.
Diante de tanta negação, negocio o Cio e o Ócio...
Aí, me nego a negar-me.
Enquanto crio negócios, equaciono negociatas..
Resolvo problemas, que gritam por soluções imediatas.