sábado, 17 de novembro de 2012
Bipolar
Às vezes, me parece que ser bipolar
é saber viajar,
de um polo ao outro,
sem parar...
Como se fosse um raio
na velocidade imperceptível de um piscar...
Assim, enquanto escrevo e pisco
percebo com quantas piscadas
vejo um verso e com quantas pinçadas
pinço um cisco...
Essa noite sonhei que estava numa pescaria,
colocava a isca no anzol,
lançava o anzol na água
e não fisgava a peixaria...
depois de algum tempo, já exausto,
me rendi com as mãos pro alto
e decidi que só ia pescar poesia...
Ser bipolar é confundir a meta
de um pescador
com a de um poeta.
Daquele dia pra cá, escrevo
sempre que penso em pesca.
Não sei com quantos peixes
se faz uma peixada
nem quantos versos tem uma poesia pescada.
Ah!Isso não sei,
o importante é que pesquei...
É claro que não contei
a quantidade de piscadas.
Ser bipolar é se comprimir
entre os polos, pra se explicar...
A arte do pescador é pescar peixes no mar,
já o poeta tem a arte de ciscar ciscos no olhar.
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