quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Zumbiurbano

Esse entardecer tá cheio de vontade, de me debulhar em versos crus, Escarnecer minha sobriedade e dar meus grãos aos urubus... Enquanto o sol se devora, assim, a meia luz, aquela espiga de milho já é bagaço, depois que gerou fubá, que virou cuscus, sem deixar vestígios, no tempo e no espaço, para que ninguém encontre-nos... Eu, o entardecer, o sol e o milho, tipo, pai, espírito santo e o filho... Abrasados, abraçados, nus, sob a sombra, do perdão, do pecado, e da cruz... Nossas almas vendidas, por qualquer conto de réis! Nossos corpos marcados, por linhas e pontos cruéis... Tal qual em ritos vudus, em que sonâmbulos vagam por aí, como notas perdidas de um blues... Sons que sangram a carne nos porões da cidade, que de vez em quando, samba, chora e ri... No fundo sou tudo isso! Faço meu próprio feitiço, sou herdeiro de Zumbi!!!!!! Poema para iniciados, pra falar da "questão sangrenta" dos negros, que não querem mais sangrar, em nome de nenhuma ordem social, econômica e política. Já sangramos demais por doutrinas e ideologias desiguais.

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