domingo, 8 de maio de 2016

Rascunho proposital

Ao longo do nosso desenvolvimento humano, é claro, que essa observação só pode ser feita por alguém, que alcançou ou pelo menos, acredita ter alcaçado, algum nível de desenvolvimento naquilo, que pode ser entendido como humano. Pois, está ficando, cada dia mais complexo entender o que é humano. Bem, esse tipo de construção textual, não seria possível, se não houvesse, aqui, um compromisso ético-estético com o rascunho. Recorro, outra vez, ao mestre Oscar Niemeyer, pra expressar o quanto fui afetado, não tanto por suas obras acabadas, transformadas em referências para história da arquitetura mundial, mas, pela força estética de seus rascunhos. Todas as reportagens, entrevistas e documentários que assisti, onde a obra de Niemeyer era a centralidade, seus rascunhos se apresentavam, pra dar conta da interlocução com o público. Talvez, fosse impossível, apresentar as obras e não apresentar os rascunhos. Estou consciente, de que em literatura, é diferente. Parece haver um acordo interinstitucional, que envolve escritores, editoras, leitores comuns e pesquisadores, quanto a inutilidade do rascunho. Assim, como ver os traços agarranchados, com aspectos de escrita inacabada, feita por um aluno rebelde, que nunca quis ser visto como aquele que "escreve bem" e "tem letra bonita", na mesma medida, sempre gostei de encontrar no interior de obras literárias, os manuscritos de seus autores. Esse fenômeno interrelacional com a subjetividade do trabalho escrito, sempre aconteceu comigo e cada vez, que encontrava um manuscrito, abria-se um portal de análise diferenciado para novas especulações, acerca dos múltiplos modos de comunicar uma ideia através da escrita. As linguagens artísticas, que mais pratico, são música e literatura, com merecidíssimo destaque, para a poesia-musicada ou música-poetizada. São práticas que estão na centralidade daquilo, que acredito ser o meu processo de desenvolvimento humano, desde os sete anos, quando entrei pela primeira vez, em uma sala de aula e pude comparar com as aulas, que recebia em casa, de minha mãe, meu pai e meus irmãos...cada um com sua própria didática. Tenho defendido, aqui, a importância dos meus rascunhos para a construção de um caminho próprio de elaboração intelectual, que se traduz em textos, ora artísticos, ora, acadêmicos, de acordo com a minha predisposição e necessidade, no setido do que considero ser o meu processo de desenvolvimento artístico, intelectual, social e político, logo, humano. Estou experimentando, artísticamente, em música, em literatura e em áudio-visual, esse terceiro campo, não é recente em minha vida, no entanto, atualmente, tenho me dedicado às experiencias elaborativas, o que antes, não fazia, por falta de recursos e tecnologias.

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