domingo, 25 de setembro de 2011

Dias que se vão

Quase nada podemos fazer pra impedir que o tempo se vá. O tempo é livre. Não deve nada a ninguém, por isso não precisa pedir licença, desculpas, ficar preocupado, pensando no que pode ou não pode. O tempo, autoritariamente, passa! O tempo é poderoso!
Admirável, essa característica do tempo. Poderoso, incontrolável...êpa! Se o tempo é incontrolável, então o que é isso que está contido dentro dos relógios, demarcado por movimentos, matemáticamente, calculados numa coreografia robótica de ponteiros cegos, surdos e mudos, feitos só pra girar, num mesmo sentido, irritantemente, até que a engrenagem dê defeito?
Seria uma invenção do homem pra se sentir mais poderoso que o tempo? Um mecanismo pra dialogar com o tempo? Diante da angústia de não poder conter o fluxo do tempo em si, tenha buscado uma forma de contê-lo, fora de si.
Uma coisa já ficou clara pra todos nós, que já saímos das trevas: cada cultura, lida com o tempo ao seu modo.
Logo, podemos concluir que, de acordo com a sua cultura, o homem pode ser mais ou menos incomodado com as características do tempo. Como por exemplo, ficar pensando se está perdendo ou ganhando tempo...se tem mais ou menos tempo que um outro homem...sentir medo, diante da possibilidade de não ter tempo pra ser o que realmente quer ser...ficar querendo sempre mais tempo pra executar algo, dentro de uma medida de tempo determinada. Enfim, ás vezes, tudo se resume em uma única expressão: "É tudo uma questão de tempo!"
O homem em seu processo de auto-entendimento e consciência das matérias vivas e não vivas, existentes na exterioridade do seu corpo, vem convivendo com inúmeras crises de identidade, ao longo de sua existência. Dotado de uma estrutura cerebral, diferenciada dos outros animais, desenvolveu,em partes diferentes do planeta, alguns esquemas pra sobreviver às crises, que consequentemente, geram outras crises.
As etapas que constituem o surgimento da vida humana é uma sucessão de crises. Perceber que algumas coisas vão e voltam, como se nuncam saíssem do lugar, dá ideia de segurança, tanto quanto, causa desespero e angústia por não apresentar novas possibilidades.
De tanto ver as mesmas imagens, indo e voltando, nossos sentidos, naturalmente, se cansam e começam a entrar em pane, nesse instante, o sistema vigente, perde o controle, instaura-se uma crise, que pode ser de criação ou de destruição...nesse caso, é tudo uma questão de cultura e não de tempo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário