sábado, 13 de outubro de 2012

Rascunhos de nós mesmos

Na tentativa de não desperdiçar meu fluxo natural de ideias, após pensar, me virar de um lado pro outro, passar noites em claro, perambular por mil e tantas madrugadas, carregando vários sonhos e projetos quase impossíveis, consegui articular-me e equilibrar-me, entre o peso das experiências e a leveza plumária da inteligência, pra iniciar um trabalho literário, de cunho investigativo sobre a funcionalidade daquilo que todos nós, já conhecemos como "rascunho." Isso mesmo, aquela parte de tudo que escrevemos ou tentamos escrever, que só usamos como base, pra algo que ainda não sabemos ao certo o que será, um esboço à espera de uma finalização, que pode não acontecer. Enfim, o alicerce de toda elaboração textual, que só permanece em seu formato original e para além do seu tempo, se for esquecido. Quando lembrado, deixa,imediatamente,de ser o que é pra ser obra de arte, após ser transformado, finalizado, ninguém mais quer saber de suas características, todos só tem olhos pro resultado final, como se fosse possível, na construção de uma casa, por exemplo, depois de levantar as paredes, emboçá-las e pintá-las, esquecermos do piso e do alicerce, que é a base de sustentação de tudo, ou como em uma sociedade, que tem em sua base a mão de obra operária, mas não se lembra de cuidar e respeitar essa base. Pensando sobre a natureza e a raiz das "coisas", resolvi me colocar no lugar desses estranhos seres abstratos, que tem ancestrais dinossáuricos na idade da pedra, nas paredes das cavernas... primeiro pra entender que, sem eles não haveria literatura, em seguida, pra defendê-los como um dos produtos mais importantes em qualquer processo de elaboração inteligente, que resulte em linguagem escrita. Assim, como os rascunhos que produzimos, nós, humanos, passamos por vários estágios e, enquanto crescemos somos rascunhos de nós mesmos, de nossos pais e de nossos filhos.Por tanto, o respeito que queremos pra nós, deve ser exigido pra todos, que se desenvolvem como nós. Esse é um manifesto de insatisfação e profunda indignação com a relação desrespeitosa, que a maioria dos escritores e outros profissionais que lidam com a feitura de textos, tem com os seus rascunhos. Os rascunhos são responsáveis por tudo, sem eles não há obra final!

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