Constantes movimentações, por caminhos diversos, nos levam, logicamente, a lugares diversos. Às vezes, "dá ruim"...aí, por mais que tenhamos aquela certeza do onde queremos chegar, após darmos voltas e voltas, em torno de nós mesmos, acabamos no mesmo lugar.
Quando vi minha mãe, pela primeira vez, em uma roda de Jongo, não podia imaginar que ao longo da minha trajetória de vida e carreira artística, iria mexer, falar e escrever tanto sobre esse assunto.
Estou descobrindo ou constatando que o Jongo, solto como uma "manifestação musical-coreográfica", "assim falou Zaratustra", quero dizer, assim gostava de falar o nosso querido Mestre Darcy, pode se esgotar, se extinguir, apesar dos muitos resultados gerados por ele, incluindo o nosso "Jongo Contemporâneo" e o já tão consagrado e reverenciado, no mundo todo, o Samba.
Pude constatar também, que a cultura jongueira é muito mais poderosa que parece ser, afinal de contas, a cultura é o espectro energético de um povo e o povo jongueiro está mais que nunca, energizado pra defender seus territórios quilombolas e a cidadania de seus habitantes.
Agora, estou na segunda década de relação direta, objetiva e subjetiva, com a cultura Jongueira, como músico, pesquisador e autor de outros formatos, a partir do eixo tradicional.
Tenho me dedicado, quase integralmente, a essa linha de pesquisa ou seja, meu diálogo com o Jongo e seus contextos distribuídos pelo amplo território afro-sudestino, exige de mim mais que posso..." como diz a canção de Djavan/Caetano Veloso: "se eu tivesse mais alma pra dar, eu daria..."(linha do equador)
Ter desafiado o mercado com um novo produto conceitual, que baptizei de Jongo Contemporâneo, me deu satisfação profissional e pessoal sem parâmetros. Minha meta inicial, era construir um repertório, um acervo de novos pontos e canções contemporâneas baseadas em jongo, não para resgatá-lo ou representá-lo, como fazem outros segmentos...mas, pra dar continuidade ao processo de vitalização dessa presença em nossa sociedade e fortalecer a minha pertença, enquanto homem negro, oriundo dessa cultura.
Outra satisfação notória é saber e ver com meus olhos, os resultados das nossas primeiras mobilizações em prol da ampliação do Jongo para os "espaços urbanos"... Lembro agora, do primeiro dia de oficina do Mestre Darcy, no quintal da Casa de Construção da Cidadania, nossa CCC em Santa Teresa, muito antes do trágico acidente com nosso véio bom Bonde. Aqueles meninos e meninas, que arriscavam seus primeiros passos e toques sob o olhar e a bengala exigente do Mestre, hoje, são homens e mulheres, alguns casados com filhos, outros solteiros, namoradores, todos apaixonados por música, todos Jongueiros Contemporâneos.
"Mais um ano se passou..." (trecho de uma das canções mais cantadas de outro grande mestre da soul music Brasuca,Dom Cassiano)muita coisa aconteceu, muitas coisas deixaram de acontecer e nossa Comunidade Negra Contemporânea segue seu curso rumo aos muitos outros tempos e desafios que ainda virão.
Salve a CNC - Comunidade Negra Contemporânea!
sábado, 24 de dezembro de 2011
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