quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Rascuhos pós

Na década de 1980, já no final, comecei a flertar com o Rock, até então, só havia me relacionado com o amplo repertório dos terreiros de Umbanda, Candomblé e alguns cânticos de igreja, que chegavam no meu quintal trazidos pelas vozes de uma vizinha ou outra, estimulada pelas "cantorias"(Jongos,sambas,maxixes,modas de folia de Reis) verdadeiros concertos à capela, que minha mãe realizava todos os dias. Sem entrar em nenhum edital, sem lei de incentivo e sem saber, conscientemente, que era dona/geradora de um "Ponto de Cultura", mantido por recursos próprios.
Essa era a dinâmica musical da minha infância. Ah! Devo acrescentar que o auxílio-pesquisa, vinha de um rádio grande, de madeira, que ficava em cima da Cristaleira, com uma engenhoca de fios que se estendia por sobre o telhado e conduziam minhas primeiras indagações a respeito das ondas sonoras...esse rádio ainda pegava ondas curtas, quem se lembra?
Bem, só aqui já expus, pelo menos uns quatro capítulos marcantes de minha vida. Minha mãe, é claro! Sua principal atividade artístico-política, uma vez que, ela cantava pra dizer que estava ali, ocupando aquele lugar, viva, ativa e pronta pra expor suas ideias. Outro capítulo, ah! As vizinhas, que se incomodavam muito com a beleza conjuntural da estética negra de minha mãe. Incomodadas, se sentiam provocadas e acabavam entrando na brincadeira de cantar suas "territorialidades pessoais".
Quantos aos outros dois capítulos, não vou me estender agora, já falei sobre eles, em outros textos...o rádio e a cristaleira, são dois personagens, extremamente, definidores dos meus primeiros caminhos mentais, meus primeiros questionamentos lógicos, enfim, minhas formulações mais significativas ainda na infância.
Ah! Um capítulo à parte, que já escrevi um pouco, no texto: Subjeticidade...é o Futebol, que perpassa toda a minha vida e formação, até os dias atuais. O mais intrigante dessa relação com o futebol, é que de paixão, virou objeto de pesquisa e não pretendo me desvencilhar tão cedo, mesmo não sendo profissional e nem torcedor fanático de futebol...trata-se de um olhar particular sobre essa atividade humana.
Vejam vocês a importância de um rascunho.
Nossa memória afetiva vai acumulando as informações, naquele baú imaginário, que a cada fase da vida, muda de tamanho sozinho, pra receber mais e mais informações, que surgem, passam por nossos sentidos e precisam repousar em um lugar confortável e seguro, seria esse baú imaginário, que durante algum tempo, publicamente, chamo de Caixa Preta.
A diversidade de opções e manifestações artísticas, que tinha na minha infância, não deixaram espaços pra eu pensar que o Rock era música de Nórdicos ou dos play-boys, porque, a explosão multicultural lá de casa, era tão significativa, que nada fazia falta.
Na adolescência, década de 1980, começo a compreender as estratégias da Colonização Portuguesa, Espanhola, Inglesa, Francesa, Holandesa e Norte-Americana.
Nesse fluxo de pesquisa, necessidade intelectual e política de saber sobre esse fenômeno planetário, quase me envenenei de Coca-Cola e outras drogas, que na verdade, são produtos componentes de uma ampla estratégia de dominação. Até a pessoa aprender que uma bebida, qualquer substância, comportamento ou mesmo alguma ideia é indispensável, à sua personalidade, haja propaganda, haja massificação! Salve o santo Marketing! Salve a santa televisão. Nessa época, entre outras leituras, estava lendo um livrinho, que agora não lembro o autor...mas, lembro o título: Invasão Estrangeira. Desse livro pra cá, nunca mais fiquei à vontade perto de pessoas que gostam muito de Coca-cola, Hamburguer, cocaína e "rock nórdico" ou "anglo-saxão".
Os estragos de uma colonização são irreparáveis. A quantidade de gente debilitada que é produzida, geração após geração, é assustadora. Quando os afetados conseguem balbuciar algo sobre "reparação", já tem um coro de alienadaos, que foram lobotomizados e afinados pelo "sistema colonial", cantando: Ah! Que bobagem é essa...pra quê tanta pressa? Como dizia o Betinho:" quem tem fome tem pressa!" E quem já foi assassinado em alto mar, quer agora o Cais do porto.
Na década de 1980, me envolvi com o Rock and roll!

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